O mundial do battle royale mobile mais jogado do Brasil está se aproximando. Nesta sexta-feira (25), às 11h, a Magic Squad entrará em campo e jogará as primeiras oito quedas da etapa de play-in da Free Fire World Series (FFWS). Já a Vivo Keyd Stars, que está com sua vaga garantida na final, estreará no sábado (26), também às 11h.
Os nossos times que estão indo para o mundial se destacaram na LBFF 8, e demonstraram muito preparo para representarem o Brasil no torneio. Mas será que o nível apresentado aqui será o bastante para vencer a soberania estabelecida pelas equipes tailandesas?
O domínio dessa região foi imposto por TheCruz e companhia, após jogarem uma decisão de FFWS exemplar, onde acertaram todas as safes das seis quedas disputadas na final. Na ocasião, a LOUD e o Fluxo eram os nossos representantes.
É de conhecimento de todos jogam que o meta do Free Fire varia de região para região. Para tentar facilitar o entendimento do público, a redação da Pichau Arena buscou especialistas no assunto para explicarem os principais pontos e diferenças em relação ao que as equipes estão utilizando aqui no Brasil.
Entenda o que é meta e como ele funciona aqui no Brasil
Antes de mais nada, precisamos entender o que é o meta. Esse termo é a abreviação da palavra metagames, e é utlizado quando falamos sobre as estratégias, personagens e itens mais apropriados e fortes no momento. Ele pode ser alterado por meio de atualizações, balanceamentos ou até mesmo descobertas que os usuários fazem dentro de jogo.
Agora que entendemos o significado dessa expressão, vamos conhecer o meta que os times usam aqui no Brasil. Para isso, a redação da Pichau Arena convidou os coachs Felipe “Lipão” e Marcos “Frois“, além do analista Bruno “MRT“, para explicarem e passarem uma visão mais técnica sobre o assunto.
Frois é o coach da LOUD, e além de já ter sido campeão da elite nacional, ele teve duas experiências na FFWS. Lipão, por sua vez, é o atual treinador da TSM, e foi considerado o melhor da LBFF 8 em sua função. Já MRT, conta com uma vasta coleção de taças em sua prateleira, inclusive uma delas é da Free Fire Continental Series (FFCS), competição internacional da modalidade. Com passagens pela Team Liquid e RED Canids Kalunga, atualmente ele ocupa o cargo de analista especializado na Liga NFA.
O grande diferencial do brasileiro sempre foi o capa, termo usado pela comunidade de Free Fire para se referir aos tiros na cabeça. Frois, inclusive, disse que essa mecânica é uma particularidade do estilo de jogo, por tanto do meta, que os times usam na LBFF. “Aqui nós somos muito apegados ao tiro e as armas. Não costumamos arriscar certos posicionamentos que possam nos comprometer“.
Lipão foi para outro lado, e explicou que, em sua visão, nessa última temporada as equipes brasileiras conseguiram avançar bastante em relação as táticas aplicadas em jogo, e se igualaram aos times do exterior nesse ponto. “Acredito que nesse split demos um grande salto no quesito estratégia, então não acho que nós seguimos com estilos de jogo diferentes“.
Como vão nossas representantes para o mundial
MRT concordou com Lipão em partes. O analista da Liga NFA disse que a Vivo Keyd Stars, uma das equipes canarinhas que estarão na FFWS, já está acosumada a jogar no mesmo meta que os times usam no mundial, porém a Magic Squad, utiliza um estilo de jogo bastante tradicional do brasileiro.
“O meta de fora geralmente é difente, mas a VK joga no meta de fora, e não no brasileiro. A Magic Squad, por outro lado, joga em um meta muito mais brasileiro, com muita trocação, busca de contato, de 4×4 e tróia [atacar equipes em momentos inesperados ou de fraqueza] a todo instante. A VK não é assim, ela usa muito a Misha [personagem do Free Fire], a Kord [arma do jogo] e granada de derrubar parede“.
Frois tranquilizou a torcida, ao falar que os times já estão treinando e estudando a bastante tempo os times de fora. O coach também contou sua experiência em mundiais, e relembrou que o meta pode sofrer algumas alterações com a atualização que a Garena, empresa responsável pelo desenvolvimento do Free Fire, lançou recentemente.
“Quando eu vejo uma Magic Squad se preparando para o meta de lá [se referindo ao exterior], percebo que estão muito bem instruídos, pois estão adaptando o estilo de jogo. A Vivo Keyd, por sua vez, já está estudando e trabalhando isso a muito tempo e já está adequada ao meta. Porém o jogo atualizou a poucos dias, e eu sou a prova viva que pode atrapalhar. Agora eles só precisam ficar espertos com essa questão e seguirem trabalhando, pois muitos times do mundial testam coisas diferentes no playtest e no dia do jogo aparecem com inovações“.
Diferenças para as nossas adversárias
Lipão explicou para a reportagem, que os jogadores do exterior fazem uma leitura de jogo diferente, tanto na hora das tomadas de decisão quanto na escolha das habilidades que irão equipar para a partida.
“Na Indonésia, por exemplo, usam muito Homero, alguns lugares preferem o Luqueta, e acredito que até a forma de se utilizar a Misha seja diferente. O jeito de rusharem e a maioria das marcações não são iguais as nossas“.
Frois acrescentou que diferente do brasileiro, os jogadores que irão enfrentar a Vivo Keyd Stars e a Magic Squad no mundial, tem o costume de testarem coisas direto no campeonato. Outro diferencial, é que eles tentam sempre criar situações para encurralarem os adversários para não precisarem necessariamente ganhar na bala.
“Nós somos muito seguros, eles não. Os jogadores de lá [do exterior] gostam de arriscar e de testar coisas no campeonato, e isso sempre acaba surpreendendo a gente. Essa imprevisibilidade as vezes tira nossa vantagem, que é trocar tiro. Eles evitam a o confronto direto e jogam para cima de estratégias onde tentam encurralar nosso time. Eu acho que isso faz muita diferença e as equipes brasileiras precisam estar preparadas para esse meta que usam lá fora“.
Mas não pense que o meta do exterior irá se resumir a essas diferanças. MRT contou que além das tomadas de decisão, existem certas formas de execução e funções durante as partidas que são diferentes, ou pouco exploradas aqui no Brasil.
“Diferente daqui, praticamente todos do Sudeste Asiático usam Misha. Outra coisa é que a Kord é muito mais presente, pois em todos os squads tem pelo menos um jogador focado em quebrar gelo e não deixar os adversários passarem. O uso das habilidades também é diferente, no sentido de não ser apenas para quebrar gelo, mas sim para desabilitar jogadores, por exemplo, a A124 está sendo muito utilizada“.
O analista continou explicando sobre os distintos estilos de jogo que o pessoal lá de fora usa, e como isso pode acabar virando um problema para as nossas representantes na FFWS. Mas tranquilizou, ao falar que essas estratégias podem acabar virando ao nosso favor.
“O modo de buscar jogo é diferente, pois no exterior, de duas uma: ou a maioria das equipes procura o PvP muito cedo ou então muito tardio. Já aqui no Brasil, nós temos aquele famoso 4×4 sincero. Além disso, existem metas onde os jogadores ficam esperando trocação em algum lugar do mapa para entrar no meio e pegar os abates. Esse, em específico, pode ser utilizado por nós, principalmente pela Magic Squad, que usa essa estratégia com excelência. Mas também é preciso ficar de olho, pois pode ser utilizado contra a gente, e algumas regiões usam isso com maestria“.
Todos os torcedores brasileiros de Free Fire, poderão acompanhar o início da nossa jornada na FFWS nesta sexta-feira (25), às 11h, com as oito quedas da fase de play-in. Já no sábado, no mesmo horário, acontecerá a final, em Bangkok, na Tailândia.
Pela primeira vez, o mundial será decidido em um formato com oito partidas, que serão alternadas entre os mapas Bermuda, Purgatório, Kalahari e o inédito Alphine. Vale lembrar que cada um será palco do evento duas vezes.