Divulgação/Gaming Parque
Medalhista olímpica, Adriana Samuel conta mais sobre o Gaming Parque, projeto social de sua autoria na Rocinha
Ex-atleta de vôlei de praia possui duas medalhas olímpicas no currículo
Consagrada nas areias com duas medalhas olímpicas, a ex-jogadora de vôlei de praia, Adriana Samuel, concedeu entrevista exclusiva ao Pichau Arena. Na ocasião, a brasileira falou um pouco mais sobre o Gaming Parque, projeto social com foco nos esportes eletrônicos, que atende jovens e crianças da Rocinha, no Rio de Janeiro.
Adriana explicou um pouco sobre a motivação de trabalhar com projetos sociais. Além do programa supracitado, a ex-atleta também inaugurou ao longo da vida o Projeto Sem Barreiras e a Escola de Vôlei Adriana Samuel. Segundo a campeã das praias, a principal vontade é de “devolver um pouco tudo o que o esporte deu“.
“Sempre tive em mente essa vontade e desejo de realizar projetos sociais pois o esporte me ensinou e me deu muita coisa… Então eu sempre tive desejo de devolver um pouco tudo o que o esporte me deu. Além disso, eu sou uma pessoa muito curiosa e acompanho muito as coisas que acontecem ao redor do mundo“, disse.
Foi por conta de tal curiosidade que nasceu o projeto Gaming Parque. Segundo conta a medalhista olímpica, a ideia de criar uma proposta social com cunho nos esportes eletrônicos aconteceu no meio de uma conversa com as amigas, em um jantar.
“Em meados de 2020, conversando com algumas amigas, uma delas é CEO da Final Level, ou seja, mergulhada no mundo dos games e ela me sugeriu ter um projeto social envolvendo jogos eletrônicos. E a partir daí essa ideia começou a martelar a minha cabeça e mesmo com o passar do tempo ela não saía“, contou.
Porém, Adriana Samuel revelou a dificuldade de tirar do papel um sonho e transformá-lo em realidade. Ressaltou, inclusive, que o mais difícil nesse processo é de encontrar parceiros que acreditem no trabalho.
“Não é fácil empreender e transformar o projeto que é um sonho e transformar em realidade e o mais difícil é sempre encontrar parceiros que apostem e acreditem nesses sonhos. Em 2022 então nasceu o projeto, com patrocínio da Light que foi fundamental e a lei estadual de incentivo ao esporte no Rio de Janeiro. Foi assim que nasceu o Gaming Parque“, revelou
A ex-jogadora também contou um pouco da principal motivação em realizar programas de cunho social em regiões carentes. Para a ganhadora da medalha de prata em Atlanta (96), o mais lindo é ver o crescimento pessoal dos jovens e crianças.
“O projeto surgiu muito mais no intuito de realmente dar oportunidade, de criar uma estrutura profissional e de qualidade… Eu percebo que eles se sentem acolhidos, se sentem orientados, adquirem confiança e objetivos para as vidas deles e possuem essa sensação de pertencimento” , contou.
Inicialmente com o propósito de atender no mínimo 80 crianças, atualmente o Gaming Parque já conta com mais de 100 jovens que são agraciados com a oportunidade de estar em um ambiente com boa estrutura e bons profissionais ao redor. Além do polo na Rocinha, a ex-atleta inaugurou há três meses o projeto em Vitória, no Espirito Santo.
Adriana também conta que por muitas vezes não consegue enxergar inteiramente o impacto positivo que projetos sociais têm nas vidas de quem são beneficiados por estas causas. A ex-jogadora, inclusive, ponderou que o principal objetivo é criar cidadãos com valores.
“Muitas vezes, a gente aqui do lado de cá, que temos mais privilégio, a gente não tem ideia realmente do quanto é impactante. Eu escuto relato e depoimentos de mães que eu fico surpresa e eu preciso realmente ouvir aquilo. São coisas tão mínimas que melhoram a vida deles, que melhoram autoestima e levam confiança a esses jovens e crianças”, disse.
Confira a entrevista completa com Adriana Samuel
1. O Gaming Parque surgiu com a ideia de capacitar jovens e crianças para o mercado de esportes eletrônicos, desde à lapidação de jogadores a outros segmentos no cenário. Consegue me dizer qual era o sentimento da criançada em receber esta oportunidade?
“O projeto surgiu muito mais no intuito de realmente dar oportunidade, de criar uma estrutura profissional e de qualidade, com internet boa e equipamentos da melhor qualidade na comunidade. Esses jovens na sua grande maioria não têm essa oportunidade de ter uma internet de qualidade, ter contato com profissionais que vão capacitá-los e principalmente os acolhendo em uma realidade diferente da do que normalmente eles têm. Isso é o que eu acho mais lindo e é o que me traz mais alegria, vê-los ganhando confiança e alcançando objetivos. Eu percebo que eles se sentem acolhidos, se sentem orientados, adquirem confiança e objetivos para as vidas deles e possuem essa sensação de pertencimento“.
2. De onde partiu a vontade de criar este projeto?
“Eu já trabalho há alguns anos em projetos sociais. Eu me aposentei em 2001 e em 2004 inaugurei meu primeiro projeto social com o vôlei e sempre tive em mente essa vontade e desejo de realizar projetos sociais pois o esporte me ensinou e me deu muita coisa. Em meados de 2020, conversando com algumas amigas, uma delas é CEO da Final Level, ou seja, mergulhada no mundo dos games e ela me sugeriu ter um projeto social envolvendo jogos eletrônicos. E a partir daí essa ideia começou a martelar a minha cabeça e mesmo com o passar do tempo ela não saía. Em 2022 então nasceu o Gaming Parque, com patrocínio da Light que foi fundamental para fazer o sonho virar realidade e apoio da lei estadual de incentivo ao esporte no Rio de Janeiro”.
3. Quando foi divulgado, o Gaming Parque se propôs a abraçar 80 jovens. Atualmente, já se passou mais de um ano desde a fundação. O número se mantém ou conseguiram abrir as portas para mais pessoas?
“Atualmente o projeto está temporariamente sem atividades pois encerramos o ano um e para começar o ano dois precisamos de patrocínio. Conseguimos que a Light renovasse o projeto e o contrato, mas sempre tem um período de pausa e devemos começar o projeto em agosto. Nós terminamos o ano 1 com mais de 100 alunos, mas não podemos alocar mais pessoas por conta da limitação do espaço físico. Então inicialmente começamos com essa meta de no mínimo 80 alunos e ultrapassamos ela, mas não podemos passar muito por conta da limitação do espaço físico“.
4. Na sua opinião, qual a importância de projetos deste cunho em regiões carentes no Brasil?
“Eu acho que é uma importância gigantes e acaba que no final das contas nem temos a ideia total do quanto esses projetos fazem diferença na vida dos jovens. Nós estamos com profissionais de qualidade, com professores qualificados. Eu percebo muito que a maioria desses jovens e crianças carentes acabam sendo marginalizados, então quando alguém se propõe a fazer algo para eles, fazem qualquer coisa, de qualquer jeito. Então eu consigo ver nos meus projetos que a gente realmente se importa, a bola é a melhor bola de vôlei, os professores são os melhores que posso contratar, os uniformes são no capricho e isso fazem eles se sentirem acolhidos e que eles se sentem valorizados. Se existissem projetos sociais estruturados com pessoas competentes em todos esses lugares carentes, e são tantos, seria maravilhoso. Muitas vezes, a gente aqui do lado de cá, que temos mais privilégio, a gente não tem ideia realmente do quanto é impactante. Eu escuto relato e depoimentos de mães que eu fico surpresa e eu preciso realmente ouvir aquilo. São coisas tão mínimas que melhoram a vida deles, que melhoram autoestima e levam confiança a esses jovens e crianças. Ao final do dia, sempre vai ser maravilhoso revelar um talento no esporte, mas o que a gente consegue propor e proporcionar vai muito além do que isso. São relatos e depoimentos que me enchem de alegria e felicidade e me lembram o tempo inteiro de como é importante aquele projeto estar na comunidade. A minha luta é muito grande de renovar patrocínio e seguir em frente e algumas vezes dá uma cansada. Mas quando a gente encontra mães agradecendo, chorando de felicidade, nos dá um gás“.