Pela primeira vez na história dos eSports, a comunidade acompanhou um Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLOL) totalmente on-line por conta do Covid-19.
Com isso, as tradicionais fotos da vitória da KaBuM e-Sports em cima do Flamengo Esports foram um pouco diferentes no primeiro split de 2020. Bruno Álvares, fotógrafo oficial do torneio, fala como foi registrar os momentos da final em plena pandemia.
A queda de Summoner’s Rift
Tudo parecia bem no CBLOL, as fotos e transmissões mostravam uma Keyd avassaladora, que dominava a tabela com maestria. Foi aí que começou o desafio não apenas para os pro players e as organizações, mas também, para a Riot Games.
Primeiro, as tempestades inundaram São Paulo, deixando o torneio sem estúdio e, depois, a pandemia do coronavírus, que impossibilitou os jogos de acontecerem. Não seria um ano fácil para os fãs do cenário competitivo.
Em quase sete anos fotografando oficialmente o torneio, Álvares ficou preocupado com a situação da pandemia. Não apenas por conta de ser freelancer, mas também porque faz parte do grupo de risco – portador de asma e bronquite – o que dificultava mais ainda o trabalho do profissional.
Um retorno digno de Gangplank
Antes da Riot anunciar o retorno do torneio on-line sem as tradicionais fotos e sem as matérias entre um jogo e outro, o fotógrafo “se sentia perdido”.
Segundo ele, surgiu a preocupação de ficar sem renda nos próximos meses por conta da quarentena e, além disso, já estava aceitando que o trabalho de fotografia “seria impossível de ser feito na crise”, desacreditando sua função mesmo já tendo trabalhado na equipe oficial do Mundial de LoL em 2016, deixando de fotografar apenas para o Brasil à pedidos da produção.
Apesar de tudo, os fãs ainda estavam presentes nas batalhas que aconteceram literalmente dentro de Summoners Rift. No retorno das competições, a Keyd se manteve bem, mas aos poucos foi dando espaço para outras equipes, desconstruindo qualquer palpite sobre quais times disputariam a final.
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Porém, antes da final, Álvares teve uma ideia por conta uma brincadeira de um ex chefe, que perguntou se ele iria fotografar a final do CBLoL.
Se inspirando no trabalho de fotografia de jogos realizado pelo artista visual e também fotógrafo Leo Sang, Bruno começou a pensar em como poderia ilustrar a final do primeiro split de 2020.
Câmeras liberadas
Unindo mais uma vez suas maiores paixões, a fotografia e os jogos, ele pode mais uma vez mostrar as cenas marcantes do seu primeiro MOBA (Multiplayer Online Battle Arena), que custou para o conquistar… lá em 2010.
Segundo o profissional, depois que teve uma ideia do que ele gostaria de fazer para a final, foram necessários vários processos até chegar onde gostaria.
“Entrei em contato com o Caio Teixeira, lá da Riot pra falar sobre a ideia e ver o que a gente poderia fazer para concretizá-la. A partir daí, consegui o acesso ao servidor de torneios, e peguei os replays com o pessoal de League OPS” diz.
No dia do embate final, em que a KaBuM se consagrou campeã mais uma vez com um belo 3 a 0 em cima da equipe rubro-negra, Bruno assistiu as partidas e praticamente incorporou Leonardo Da Vinci, que gostava de observar coisas e anotar ou desenhar.
Foi com um papel em mãos e a live aberta que ele deu os primeiros passos do projeto, anotando o tempo das jogadas que lhe chamavam atenção e, depois disso, muito trabalho veio pela frente.
“Usei a ferramenta de criação de vídeos do Skin Spotlight para conseguir mover a câmera livremente durante a partida e capturar os momentos. […] Com os tempos em mãos, sincronizava com os replays e criava as cenas a partir daí.” afirma.
Porém, não foi tão fácil assim, segundo ele, “não eram todas que funcionavam”, afinal, por mais que no ao vivo seja algo relevante dentro da partida, na prática, as imagens pareciam não fazer sentido algum por conta de serem estáticas, ou seja, não eram um GIF que reproduzia um ataque certeiro de algum pro player.
Incendiando os céus negros
Ao comparar os registros fotográficos nos estúdios do CBLOL, mostrando bastidores e o dia a dia de casters e equipes, Bruno acredita que são estilos completamente diferentes de trabalho.
“A única relação, ao meu ver, é o meu olhar de fotógrafo que serve para as duas modalidades, e o meu conhecimento sobre o jogo, pra saber o momento certo do que capturar.” admite.
No fim, essas imagens mostram muito mais do que o game em si. Elas provam que sempre há uma forma de lidar com as dificuldades.
“Por mais desacreditado que você esteja com o seu trabalho, em achar que não irá conseguir dar a volta por cima durante a pandemia, acredito que sempre tem um lado criativo capaz de contornar a situação.” finaliza o fotógrafo oficial do CBLoL.
Mas…e você, tem lutado para manter a cabeça levantada e bater o tambor por aquilo que ama?
Matéria escrita por Siouxsie Rigueirs e originalmente publicada no extinto Start.
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