No competitivo de LoL (League of Legends) as coisas foram um pouco diferentes em comparação com outros cenários dos eSports (esportes eletrônicos) aqui no Brasil.
Isso aconteceu justamente por conta do posicionamento da Riot Games — empresa detentora dos títulos League of Legends (2009), VALORANT (2020), Wild Rift (2020), Legends of Runeterra (2020) e Ruined King (2021) —, que entendeu que as competições oficiais poderiam ser capazes de criar fãs em todo o mundo, além de levar seus jogos a outros patamares por conta do sucesso dentro do competitivo.
Em solo brasileiro, a empresa sempre investiu no LoL desde a primeira edição do torneio em 2012. Claro que com uma estrutura menor em comparação a como é atualmente, mas, na época, era o que a Riot poderia fazer pelos fãs do MOBA (Multiplayer Online Battle Arena).
Nem tudo foi perfeito, mas os potenciais problemas enfrentados no passado fizeram a empresa se preparar cada vez mais para os desafios que viriam a aparecer e a fizeram entender que existia sim um grande público a ser atendido.
Apenas lembrando, público o qual é extremamente apaixonado pelo jogo lançado em 2009 com poucos recursos, sendo uma desenvolvedora extremamente nova e pouco experiente atuando dentro do exponencial mercado de jogos. Foi aí que o Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLOL) virou coisa séria de acordo com a Betway.
2015: o jogo virou
Em 2015 as pessoas começaram a entender a grandeza do CBLOL com final presencial no Allianz Parque, em São Paulo. Todo mundo queria jogar no principal torneio de League of Legends do país, mas o caminho para chegar até o topo era demorado e precisava ser trilhado com muita determinação. Foi aí que nasceu o Circuito Desafiante (CD), no mesmo ano.
Conhecido como “Circuitão” entre os fãs mais próximos do cenário, o campeonato era considerado um tipo de “série B” do CBLOL. A fase de acesso do da elite do LoL brasileiro contava com qualificatórias abertas para qualquer pessoa participar.
É isso mesmo que você leu: qualquer pessoa poderia reunir amigos, treinar e se inscrever para tentar entrar para a fase de acesso. Claro que precisaria se provar melhor do que diversos outros times que também se inscreviam.
Na teoria, era uma ideia super divertida para os fãs e ao mesmo tempo inclusiva para novas organizações de eSports que não tinham dinheiro para bancar uma vaga direta no CBLOL.
Se formos pensar na prática, não dava para considerar esse cenário como profissional; se diferenciando do CBLOL, que cada vez mais caminhava para se profissionalizar.
Os momentos vividos no Circuitão foram anos de ouro para os fãs. Com jogadas engraçadas e narrações irreverentes, foi por algum tempo o lugar de diversão e descontração competitiva do LoL no Brasil.
Além, claro, da oportunidade que foi dada a diversas equipes do cenário, que provavelmente nunca teriam conseguido jogar profissionalmente se o CD não existisse.
Outro fato interessante, era que o CD foi utilizado para descobrir novos talentos, já que, os pro players no CBLOL uma hora teriam de ser atualizados; e realmente deu certo para o crescimento de alguns profissionais.
Foi aí que a Riot entendeu que faltava algo no Brasil que já estava em prática há alguns anos em outras regiões internacionais: o Sistema de Franquias.
CBLOL Academy: um começo para as mulheres
O Academy veio junto com o Sistema de Franquias e agora equipes que competem no CBLOL jogam no Academy com um novo time; uma equipe que dê espaço para pessoas novas no competitivo poderem tentar suas carreiras como jogadores profissionais.
A diferença do Academy para o Circuito Desafiante é que os pro players da série B podem ser escalados para a série A, ou seja, caso alguém se destaque na fase de entrada do LoL brasileiro, ele tem a possibilidade de competir no torneio de elite mais importante do cenário.
Isso obviamente muda as regras do jogo, dando espaço para diversos cenários. Um deles, é a oportunidade de mulheres jogarem; fato que, no passado, era praticamente impensável. Para se ter ideia, em uma década de CBLOL, nenhuma mulher competiu no torneio. Parece absurdo, mas é verdade.
A presença feminina no competitivo apareceu apenas em torneios que não valiam grandes quantidades de dinheiro ou, então, em campeonatos que eram fora de época, possuindo menor relevância dentro do cenário. Basicamente, elas eram “testadas” algumas poucas vezes em stage.
Com o Academy, a oportunidade aos poucos foi aparecendo para as minas não apenas competirem, mas também atuarem como apresentadoras e casters. Atualmente, temos organizações como LOUD e INTZ investindo em mulheres.
Vale lembrar que a Riot Games divulgou no início de 2022 que entre abril e junho deste ano, o LoL terá torneios majoritariamente femininos, como o que já acontece dentro do VALORANT.
São pequenos passos, mas, aos poucos, o cenário vai se profissionalizando e descobrindo que mulheres também estão aptas a serem profissionais da área.
Leia mais:
Minas no LoL: conheça Jime, a primeira ADC do cenário e relembre pro players
CS:GO: “Sempre quis estar no top 5 desde quando entrei no cenário feminino”, diz Olga