Conforme publicado pela Reuters na última segunda-feira (11), a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, que aconteceu na última semana, já era, de certa forma, esperada pela China, o que motivou o setor de semicondutores do país a buscar alternativas para enfrentar potenciais sanções e restrições de exportação mais rigorosas.
Uma das estratégias adotadas é intensificar as compras de equipamentos de fabricação de chips no exterior, principalmente aqueles de fornecedores não americanos. Além disso, empresas chinesas planejam atrair talentos globais e estabelecer alianças com países que possam divergir das políticas dos EUA, como forma de expandir sua rede de fornecedores e reduzir a dependência americana.
- Intel sob investigação na China por acusações de ameaça à segurança nacional
- China incentiva substituição de GPUs NVIDIA por soluções domésticas
Durante o primeiro mandato de Trump, grandes empresas chinesas de tecnologia, como a Huawei e a ZTE, enfrentaram restrições que limitaram o acesso a componentes essenciais, incluindo chips avançados, usados em inteligência artificial e processadores de última geração, por exemplo.
Para contornar essas limitações, líderes da indústria defendem que o setor de semicondutores na China deve apostar na autossuficiência, investindo em infraestrutura e expandindo a produção nacional para reduzir a vulnerabilidade frente a sanções externas.
China já se movimentava desde o começo do ano
Recentemente, dados aduaneiros mostram que a China aumentou em um terço suas importações de equipamentos de fabricação de chips, totalizando US$24,12 bilhões, quase R$140 bilhões, nos primeiros nove meses de 2024. O movimento visa antecipar possíveis embargos adicionais, como pode ocorrer, por exemplo, com as máquinas de litografia, cuja maioria provém dos Países Baixos e são fundamentais para produzir chips de alta tecnologia.
A experiência com a guerra comercial de 2018 e as sanções de 2020 fortaleceu a resiliência da indústria chinesa, que agora se sente mais preparada para enfrentar futuras restrições. Empresas chinesas de tecnologia vêm ampliando sua capacidade de produção, visando assegurar a continuidade de suas operações independentemente do cenário político americano.
Uma das falas que pode traduzir bem o preparo chinês foi feita por Nori Chiou, diretor de investimentos da White Oak Capital Partners. Segundo o executivo: “As empresas chinesas de tecnologia estão mais preparadas desta vez e se sentem mais prontas do que durante a guerra comercial de 2018 e a eleição de 2020“.