As Inteligências Artificiais (IA) estão transformando o jornalismo. Seja as tarefas de bastidores, ou seja a criação de conteúdo, IAs estão presentes em grande parte do processo jornalístico ao redor do mundo.
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O artigo a seguir resume uma pesquisa publicada pela Reuters sobre a percepção do público quanto ao uso de IA nas produções de notícias, destacando as oportunidades de uso, desafios, e principalmente, a importância de transparência do meio, quanto ao uso de IA.
Consciência pública e nível de conforto
O uso da IA no jornalismo levanta importantes questões sobre a confiança do público, principalmente em um contexto de desconfiança com as mídias de notícia em diversos países. A transparência sobre o uso de IA na produção de notícias é fundamental para manter a credibilidade dos meios, e evitar a propagação de fake news ou informações distorcidas.
Apesar do crescente uso de IAs e ferramentes como ChatGPT e Gemini, a pesquisa indica que a consciência pública sobre a tecnologia ainda é baixa (45% das pessoas possuem conhecimento moderado a alto), sendo este número em sua maior parte jovens, homens e pessoas com escolaridade.
É justamente essa parcela, de pessoas com conhecimento sobre IA, que tende a demonstrar maior conforto no seu uso aplicado ao jornalismo. Contudo, a desconfiança e o medo em relação à IA são comuns, especialmente entre os menos familiarizados com a tecnologia.
Porém, a pesquisa indica que apenas 36% dos entrevistados sentem-se confortáveis com notícias feitas por humanos, com auxílio da IA, e 19% com notícias geradas por IA, a partir da supervisão humana. Ou seja, o público tende a se sentir mais confortável com o uso de IA nos bastidores da notícia, do que com a produção de conteúdo em si.
Enquanto as tarefas de apoio à pratica jornalística são bem vistas, a criação de conteúdo diretamente produzido por IA e consumido pelo público, gera resistência. Principalmente, se esse conteúdo for texto, imagens ou vídeos, por conta do potencial manipulativo e de desinformação dessas ferramentas.
Outro fator importante para a aceitação do público com relação ao uso de IA, reside na confiança ao veículo de comunicação. Isso é, a maior parte do público que aceitaria IA como parte da produção midiática, diz ter maior confiança nos casos em que já conhecem a reputação e prestígio da mídia envolvida.
Aplicações de IA ao jornalismo
A pesquisa também identificou três níveis de aplicação de IA no jornalismo:
- Bastidores: Automação de tarefas simples como monitoramento de notícias e tendências, transcrição de entrevistas, ou recomendações personalizadas. Nesses casos, o público sente-se mais confortável com este tipo de uso, considerando que assim as IAs tornam-se ferramentas de produtividade e eficiência.
- Entrega de notícias: Criação de experiências novas por meio de chat bots, resumos, e formatos personalizados de texto, visando tanto a melhoria de experiência do usuário, quanto a acessibilidade. A aceitação é moderada nesse sentido, mas destacam-se os benefícios da personalização de experiência do leitor.
- Criação de conteúdo: Geração de textos, animações, imagens e vídeos por IA. Esta é de longe a aplicação com maior receio entre os entrevistados, causando desconforto e resistência. Principalmente em relação aos conteúdos realistas gerados por IA, como produção de vídeo e fotos, estes foram os mais rejeitados pela população da pesquisa. Porém, a geração de texto por IA apresenta menos resistência do que a produção de vídeos e fotos.
Transparência e confiança: o futuro da IA no jornalismo
A transparência na divulgação do usa de IA é considerada essencial por parte dos entrevistados. Em vista que, para manter a confiança dos leitores, o uso deve ser pautado com ética e responsabilidade, a transparência entra como uma parte de sinceridade da mídia para com os leitores.
Assim, a divulgação do uso de IA na produção das notícias é crucial, mas exige equilíbrio. O excesso de informações, ou a falta de clareza, podem afastar o público enquanto a omissão dessa informação é prejudicial à confiança dos leitores.
À medida que a tecnologia evolui, o público familiariza-se com as aplicações da IA, mas o diálogo e a colaboração entre jornalistas, desenvolvedores e leitores, serão essenciais para moldar o futuro da comunicação informativa.
No entanto, a ênfase na supervisão humana, e a compreensão de que a automação completa da atividade jornalística por meio de IA, são o caminho para alinhar as tendências do uso da IA à um jornalismo ético e saudável. Garantindo que a IA seja uma ferramenta a serviço do jornalismo, e não um substituto para o julgamento e a sensibilidade humana sobre as notícias.