De acordo com uma publicação do PC Gamer desta segunda-feira (28), ex-executivos da Intel iniciaram um debate sobre o futuro da empresa e os possíveis impactos de uma divisão de suas operações, que separaria as atividades de design de chips das operações de fundição.
A controvérsia ganhou destaque quando alguns ex-diretores da azulzinha defenderam publicamente que a divisão, incentivada pelo CHIPS Act, poderia ser positiva para a empresa e estratégica para os EUA. No entanto, o ex-CEO da empresa, Craig Barrett, discorda e considera que uma cisão enfraqueceria a competitividade americana no setor de semicondutores.
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Entre os que apoiam a separação, a visão é de que, com um foco independente, a divisão de fundição teria maior liberdade para atrair clientes e competir com gigantes estrangeiras, como TSMC e Samsung. Os ex-diretores afirmam que o CHIPS Act, que aloca bilhões para fortalecer a indústria de semicondutores nos EUA, poderia alavancar o novo modelo de negócios e garantir que a produção avançada de chips permaneça no país, reduzindo a dependência de fornecedores estrangeiros.
A preocupação de Barrett com a sustentabilidade da divisão
Craig Barrett, que liderou a Intel durante anos, alerta que a separação prejudicaria as capacidades do time azul de investir em pesquisa e desenvolvimento, o que é essencial para a empresa se manter competitiva globalmente. Na opinião do antigo líder da corporação, manter as operações de design e produção juntas ajuda a garantir a receita necessária para investimentos em novas tecnologias, além de consolidar a posição da marca como uma fornecedora completa.
Barrett lembra que uma divisão similar já ocorreu com a AMD e a GlobalFoundries, que, apesar de promissora, se viu limitada pela falta de recursos e foi incapaz de competir em tecnologia de ponta. O executivo destaca que o mesmo poderia ocorrer com a Intel, deixando os EUA dependentes de fornecedores estrangeiros para suas necessidades mais avançadas.
Implicações para a geopolítica
A questão ganha ainda mais peso em um contexto geopolítico, no qual a dependência de fabricantes como a TSMC, situada em Taiwan, representa um risco estratégico para os EUA devido às tensões entre China e Taiwan. Caso a divisão da Intel se mostre insustentável, os EUA ficariam mais vulneráveis, enfraquecendo seus objetivos de independência tecnológica e segurança nacional.
O governo americano, por sua vez, está mais que atento, pois a decisão de intervir ou não na estrutura da azulzinha poderia moldar o futuro do setor de semicondutores. A abordagem de Biden tem sido neutra até o momento, mas os próximos passos da Intel e as futuras políticas governamentais poderão definir se a empresa se manterá integrada ou se seguirá um novo modelo de negócios.