De acordo com uma publicação do Tom’s Hardware do último sábado (26), Craig Barrett, ex-CEO da Intel, posicionou-se publicamente contra a ideia de dividir a empresa, que tem enfrentado grandes dificuldades financeiras, principalmente na divisão de fundição de semicondutores.
Barrett acredita que a divisão da Intel, conforme proposta por alguns analistas, seria prejudicial para a própria empresa e para a liderança dos EUA no setor de tecnologia.
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A divisão proposta visa transformar a unidade de fabricação de chips em uma empresa independente, similar ao que ocorreu com a AMD e a GlobalFoundries em 2008. Embora a separação tenha fortalecido a vermelhinha, que pôde focar em design de chips, a GlobalFoundries, sem recursos suficientes para competir, acabou ficando atrás em tecnologia, ainda mais quando comparada com a TSMC e a Samsung.
Craig destaca também que manter a Intel como uma única entidade é vital para os EUA. O país tem investido em fortalecer sua cadeia de produção de semicondutores com a aprovação do CHIPS Act, que visa reduzir a dependência dos Estados Unidos de empresas estrangeiras, principalmente asiáticas.
Pensando nisso, a proposta de dividir o time azul, no entanto, poderia comprometer esses esforços, já que a divisão de manufatura da empresa poderia não ter os recursos necessários para competir com grandes empresas, tornando-se, assim, uma opção menos viável para produção de chips avançados.
Além disso, o ex-CEO sugere que a divisão poderia aumentar a dependência dos EUA de empresas estrangeiras. Mesmo com iniciativas para incentivar empresas como TSMC e Samsung a construir fábricas no território americano, essas empresas continuam sediadas fora dos Estados Unidos, o que envolve riscos de dependência e vulnerabilidades geopolíticas.
Qual é a solução?
Para Barrett, a solução para os problemas atuais da Intel e para o avanço da competitividade dos EUA no setor está em priorizar o investimento em inovação. Ele acredita que a corporação comandada por Pat Gelsinger está no caminho certo com projetos inovadores, como o desenvolvimento do chip Clearwater Forest Xeon, que usa a avançada tecnologia de processo 18A.
Assim, o ex-CEO apela ao governo dos EUA para aumentar os investimentos em pesquisa acadêmica e em novas tecnologias no setor de semicondutores. Barrett menciona que, embora a criação do National Semiconductor Technology Center (NSTC) seja um passo positivo, o orçamento desse projeto, de cinco anos, é menor que os gastos anuais da Intel em P&D, o que indica uma necessidade de maiores investimentos para manter a liderança tecnológica.
Para Craig Barrett, dividir a azulzinha seria um risco desnecessário. O executivo argumenta que a empresa deve seguir integrada e focada em avanços tecnológicos, garantindo uma posição de destaque não só para a própria marca, mas também para os Estados Unidos como líder global no setor de semicondutores.