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Amanda “AMD” Abreu: “Tive oportunidade de jogar com as melhores. Muitas delas, eu sonhava em jogar junto”

AMD, no CS:GO, jogou com as melhores e, após anos competindo, conta em entrevista à como começou a almejar novos caminhos dentro dos Esports

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Conteúdo original de Siouxsie Rigueiras para a Betway Inside

O cenário feminino de esportes eletrônicos (Esports) teve um longo caminho até existir, de fato. Não apenas ser algo deixado em segundo plano, mas sim que se consolidasse e fosse respeitado da forma que merece. Foram necessárias muitas mulheres na linha de frente e uma delas foi (e ainda é) a Amanda “AMD” Abreu, principal veterana do competitivo de CS:GO no Brasil.

Considerada uma lenda do Counter Strike: Global Offensive (CS:GO), a ex-pro player passou por um dos “times dos sonhos”, na Havan Liberty , jogou lado a lado com as melhores (regiane, santininha, dinha e ujliana) e foi eternizada no CS com uma skin em sua homenagem. Além disso, AMD faz parte da lista de cinco profissionais dos games para ficar de olho, realizada pela Forbes Brasil, criou projetos para o crescimento das minas no FPS da Valve e quando percebeu que não seria capaz de seguir sua carreira de jogadora profissional, conseguiu se reerguer ao mudar de atuação, focando em sua carreira de comentarista e analista.

Esta é parte da trajetória de como Amanda se tornou entusiasta do cenário feminino e segue incentivando outras mulheres a seguirem seus sonhos dentro dos Esports.

Frente à frente com AMD

Nascida em Belford Roxo, município da Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, Amanda é flamenguista de coração. O que isso importa? Muito, diga-se de passagem. Foi devido ao seu amor pelo cenário competitivo do futebol somado à referência de sua mãe que jogava Tomb Raider à época que a ex-pro player começou a pensar em se tornar profissional de Esports.

“Desde muito cedo, eu sempre quis que a minha profissão fosse ser jogadora de CS. O problema é que lá em 2010 tinham pouquíssimos exemplos femininos que tiveram sucesso. E foi por isso que foi difícil para minha mãe acreditar que eu chegaria a algum lugar”, afirmou AMD em entrevista exclusiva à equipe da Betway.

Apesar das dificuldades, AMD teve seu esforço recompensado | Imagem: Reprodução/BBL

Por mais que a mãe tivesse medo, o sonho começou a se tornar realidade em 2011. Hoje, uma década depois, Amanda guarda no currículo passagem por equipes consolidadas no cenário nacional, como BootKamp Gaming, Havan Liberty, Alientech, Vivo Keyd e Black Dragons.

Apesar do sucesso, a ex-pro player demorou para ter o seu primeiro salário e para ser tratada como uma atleta de alto nível. Foram necessários sete anos até o reconhecimento. Amanda conta que a própria mãe só foi acreditar que, o até então hobby, poderia render bons frutos em 2017, quando viu a filha jogar o primeiro mundial do game.

“Eu tive que trancar a faculdade que eu fazia de direito para poder jogar o mundial. Foi um momento bem difícil para a minha mãe entender que o CS realmente poderia me dar um futuro”, relembra.

Foi nesse primeiro mundial, inclusive, que Amanda teve o prazer de jogar lado a lado com as melhores do cenário brasileiro. Em particular, durante a entrevista exclusiva, AMD afirma que dinha, may e suzi foram as suas melhores companheiras de time.

Porém, foi trabalhando pela BootKamp, que Amanda criou laços ainda mais profundos: tornou-se amiga de Olga Rodrigues e teve a chance de aprender e lutar ao lado da atual jogadora da FURIA.

“Eu aprendi muito com a Olga e com a sua luta. Na verdade, a gente lutou bastante. O exemplo que a Olga me deu de estar sempre de bem com a vida mesmo em meio a tantas dificuldades, é algo que eu quero carregar para a vida”, divide.

“A Olga me inspira como mulher. Chego a me emocionar ao falar um pouco sobre isso porque eu tenho uma ligação muito forte com ela”, complementa.

Olga é a primeira jogadora transexual do cenário brasileiro | Imagem: Reprodução/CBCS

“Naturalmente, a gente tem que se esforçar dez vezes mais somente por ser mulher. Eu não falo isso para romantizar o esforço excessivo dela, mas sim pela força que ela teve de, mesmo precisando de isso tudo, não ter desistido. Torço muito por ela e, se ela está onde ela está, é porque precisou lutar não dez, mas cinquenta vezes mais para isso”, finaliza.

Apesar do machismo e preconceito presentes no Esport, Amanda encarou todos os obstáculos sendo heptacampeã da modalidade. Além dos campeonatos que jogou, sempre foi importante entusiasta do cenário, principalmente por levantar bandeiras que precisavam de apoio. O projeto 24×7 idealizado por ela em 2017, arrecadou 10 mil reais com o intuito de ser uma primeira premiação no cenário feminino. Vale ressaltar que este era o valor para as competições a nível nacional masculino.

Imagem: Reprodução/Facebook CSGirls

Em meados de 2016, raramente eram feitos campeonatos femininos, pensar em premiação, então, era fora de cogitação. Foram sete dias direto, com 24 horas em stream, revezando com todas as jogadoras do cenário. A hashtag “#FechadoComAsMinas” mostrou a força das mulheres.

“De certa forma sou uma entusiasta do cenário feminino porque fiz alguns projetos no começo do competitivo feminino de CS:GO aqui no Brasil. Na verdade, os projetos eram para que ele pudesse existir e para que as meninas pudessem de fato jogar.”

Depois de conseguir elevar o cenário feminino, AMD foi obrigada a sair do competitivo devido a uma tendinite crônica pela segunda vez em junho deste ano. Com feedbacks positivos sobre sua performance e muito estudo, começou a ser incentivada a seguir a carreira apresentando campeonatos e analisando partidas.

“Quero me consagrar na carreira de comentarista. Espero ir muito longe nessa profissão porque eu literalmente me apaixonei por esse mundo”.

Direto no pixel

Imagem: Reprodução/BootKamp Gaming

Machismo no cenário

“Hoje em dia, com a cultura do cancelamento, eu acho que o machismo é muito mascarado. Quando você é conhecido no cenário dificilmente vai passar por isso diretamente, então hoje em dia eu não sofro mais, mas eu vejo muita gente ainda sofrendo. Eu sempre tento mostrar apoio para essas meninas. Comigo, eu sinto que isso me atinge de forma indireta, por exemplo, em uma questão de salário, cachê e oportunidades mesmo”, declara.

Amizades no cenário feminino

“Eu tive oportunidade de jogar com as melhores do cenário. É uma experiência muito doida porque muitas dessas meninas eu assistia no começo da minha carreira e sonhava em jogar junto, a santininha é um exemplo desses. Eu tenho contato com todas, inclusive com as que não eram minhas amigas. Eu acho que o mais gostoso desse mundo é isso daí: como a gente cria laços de um trabalho que ficam para a vida.”

AMD atualmente tem 26 anos e é comentarista de CS:GO e Valorant, tendo feito parte da cobertura do último mundial do jogo de tiro tático da Riot Games. Apesar de jovem de idade, mas veterana de carreira, a ex-pro player é cheia de sonhos e ideias repletas de propósitos, exatamente como no início de sua jornada profissional nos Esports. “Eu tenho alguns projetos também para o cenário feminino para o ano que vem, mas eu não posso falar muito…eu diria que é o projeto da minha vida”, finaliza.

 

Conteúdo original de Siouxsie Rigueiras para a Betway Inside

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